As chuvas que banham todo o Ceará já possibilitaram considerável recarga dos açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (COGERH). Em entrevista ao nosso portal, o Diretor de Operações da COGERH, Tércio Tavares, disse que, atualmente, o Ceará encontra-se com 54,8% de sua capacidade hídrica, o que corresponde a mais de 10 bilhões de metros cúbicos de água. Confira a entrevista.
MLO: Uma das características do Semi-árido é a má distribuição das chuvas, no território cearense. Como está essa distribuição em termos de bacias hidrográficas?
Tércio Tavares: As bacias ao norte, mais próximas ao litoral estão com 88% de acumulação média, com destaque para a bacia do litoral, a bacia do Coreaú e do Baixo Jaguaribe, que estão com 100% de acumulação. Já mais ao Sul situação também favorável. As bacias do Salgado com 72,5% de acumulação. A parte mais central do Estado é a mais crítica, mais dificultosa, nós estamos com média de 34,6%, com destaque negativo e preocupante para a bacia de Crateús, que, nesse momento, encontra-se com 24,7%.
MLO: E quanto aos açudes. Quais os de maior volume atualmente?
Tércio Tavaves: Hoje, (entrevista concedida dia 29/4), nós temos 72 açudes sangrando, que é a melhor marca, tirando 2019, de 2010 para cá, aproximadamente 14 anos depois, nós repetimos a marca. E outros 12 açudes que estão com capacidade acima de 90% e, a qualquer momento, podem também sangrar. Com relação também aos nossos maiores reservatórios, o Castanhão hoje está com 34,12%, lembrando que, nesta mesma época, em 2023, estava com 31%, que já era uma marca muito boa. O Orós neste momento encontra-se com 70,50%, o Banabuiú com 41,6%. E a Região Metropolitana (de Fortaleza) com 87,5%, o que, diferentemente, dos outros grandes reservatórios, comparativamente ao ano passado, nós estávamos, nesse mesmo período, com uma acumulação um pouco melhor, com 90%.
MLO: Como a Cogerh avalia o atual cenário de acumulação de água nos reservatórios do Estado?
Tércio Tavares: Tecnicamente, nós avaliamos como um cenário confortável, dentro das nossas faixas de criticidade, nós temos para um bom entendimento, toda acumulação com índices menores que 10% seria uma situação muito crítica. Entre 10% 30%, uma situação crítica. Acima de 50% uma situação confortável. E de 70% a 100%, uma situação muito confortável. E essa atual acumulação de 54% nos posiciona como uma situação confortável e, em se tratando de gestão de recursos hidrícos, nós sempre tratamos acumulação que aconteceu com a chuva do ano, mas olhando para um horizonte, pelo menos, 2 anos para que tenhamos segurança hídrica, não só para a população, mas sobretudo também do setor produtivo e outras áreas de uso múltiplo das águas.
Com 70,50% de acumulação, o Açude Orós (foto acima) volta a contribuir com a perenização do Rio Jaguaribe, por meio da abertura da válvula Dispersora, que a população local chama carinhosamente de “véu de noiva”.
Quanto à infraestrutura dos reservatórios monitorados, a COGERH informa que nenhuma barragem apresenta indícios de ruptura. Desde 2000, a Companhia garante que realiza Inspeções de Segurança Regulares (ISRs) de sua responsabilidade. Além disso, a COGERH faz inspeções também nas barragens pertencentes ao Estado, em 85 empreendimentos, em barragens federais, municipais e particulares, totalizando 157 reservatórios monitorados.